Tenho uma chama,
Uma faisca que se incendiou
a partir de uma tempestade.
Chama que queima,
chama que esquenta
Chama que flamúla,
chama que estimula.
Chama que chama.
Nunca tinha entendido a sua voz,
em meio aos muitos berros
dos dois eus.
Essa chama é vontade
vontade desesperada
inquieta e insaciável
de realizar,
e de ser.
Concentro essa chama porquê lembrei da dor de perder.
Concentro essa chama pela vontade de manter,
Eu e você, atados.
Queima, queima e queima.
Minha vontade,
meu ser,
Cozinhe o que eu pretendo ter.
Cozinhe esse recipiente.
E exploda. Incinere,
Queime, Imole.
Você é sinal não só de raiva,
ou de agressividade espontânea.
Você é sinal de um eu que perdi, deixei de lado.
Por medo de causar dor, da dor que causei em mim mesmo.
Portanto me queime.
Me queime, e faça mais uma vez
Eu reconstruir esse castelo de cartas
do eu. Do nós.
Pedro-Unkz